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Entrevistas


Entrevista com Darcey Bussell
Darcey Bussell, uma das principais bailarinas do Royal Ballet de Londres, tem uma medalha da Rainha da Inglaterra, um retrato na Galeria Nacional de Retratos e milhares de fãs ao redor de todo mundo. Mesmo assim, esta jovem bailarina de vinte e poucos anos não tem noção de sua fama. A atraente bailarina foi descoberta logo em início de carreira por Keneth MacMillan, que a integrou no elenco de seu ballet Concerto, em 1986. Quando completou 19 anos, ganhou dele O Príncipe de Pagodas. Bussell tem uma longa lista distinta de repertório, incluindo Sonhos de InvernoO Lago dos CisnesA Bela AdormecidaO Quebra-NozesApolloStravisnky Violin Concerto,Agon e Giselle.
Bussell traz consigo atletismo e força, que utiliza em seu trabalho, não usual em um mundo que favorece as bailarinas 'sílfides'. Vendo uma apresentação sua você fica imediatamente de queixo caído por sua precisão, fluidez de movimentos e velocidade.

Quando você começou a dançar?
Comecei a freqüentar aulas de ballet todos os sábados quando tinha cinco anos, mas não entrei na Escola de Ballet do Royal até fazer 13 anos. Antes disso, só fazia duas aulas de ballet por semana. Quando cheguei lá, senti-me atrasada em relação às outras garotas e o primeiro ano foi uma tortura por não saber se estava no caminho certo, pois achava tudo muito difícil. Com a ajuda dos professores, consegui acompanhar a turma rapidamente.

Sua incrível precisão é resultado de anos de treinamento ou é um dom?
Acho que é um pouco dos dois. Tecnicamente, essas coisas são aprendidas e você deve ter uma certa habilidade para executar alguns aspectos técnicos. Você precisa ter o corpo certo para fazer um salto ou um movimento controlado e precisa ser instruída da maneira correta.

Você se considerava "diferente"?
Eu sabia que era diferente porque era muito alta e quando fazia aulas havia poucas bailarinas altas - agora existem mais. Eu adoro saltar e sabia que era atlética o suficiente para isso.

Seu corpo atlético foi um encorajamento?
Algumas vezes me diziam para 'me conter' porque eu colocava muita energia em tudo. Eu nunca entendi isso até quando percebi que eu não colocava energia por querer, era apenas o meu estilo. Mais tarde descobri que algumas coisas precisam de mais energia e outros passos não precisam tanto.

O que você faz quando tem tempo livre?
Adoro ir ao cinema ou passear no campo. Eu mesclo com as pessoas de fora do mundo da dança para aumentar minha visão de mundo, pois acho que bailarinos são muito egoístas a respeito de sua profissão. A melhor coisa é saber exatamente o que anda ocorrendo no mundo ao seu redor e o que as pessoas andam fazendo de bom em suas vidas porque assim podemos incorporar essas boas qualidades no nosso próprio trabalho.

Bailarinos são muito preocupados com a imagem do corpo?
Faz parte do trabalho porque as pessoas constantemente se vêem no espelho e constantemente estão de olho da forma física - isso é necessário porque a dança é uma arte visual. Mas deve-se cuidar do corpo porque é o que vai restar depois de tudo. Sua carreira não é muito longa e você deve se alimentar corretamente para não estar fraca no palco. Eu perco peso quando estou trabalhando exaustivamente e muitas vezes não percebo isso. Então depois lembro que devo comer um pouco mais.

De quem são as coreografias que você admira?
Eu adoro os trabalhos de Balanchine e William Fosythe- há muita energia positiva em seus trabalhos pois você leva seu corpo ao limite, o que é desafiador.

É difícil dançar algo que não te emociona?
Ah, claro. Algo pode ser tão chato e desconfortável que todo mundo diz que você está muito bem, mas você mesmo não sente o que está dançando. Deve-se então trabalhar em cima disso. Na verdade, quanto mais você dança um número, melhor ele fica e você consegue ir se adaptando a ele.



ANA LUIZA FREIRE ENTREVISTA DEBORAH COLKER
 
Deborah Colker fundou a Cia de Dança Deborah Colker, em 1994, quando participou do Carlton Dance Festival. Desta cia é bailarina, diretora e coreógrafa. Além disso, já coreografou: para shows e videoclips de músicos; para a Comissão de Frente da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira e os espetáculos Vulcão - 1994; Velox e Mix - 1995; Rota - 1997; Casa - 1999; 4 por 4 - 2002. Recebeu o prêmio Laurence Olivier, das artes cênicas em Londres como Destaque em Dança, na edição 2001.
"A dança é a arte da forma"
Deborah Colker
Como é dançar no Rio Grande do Sul novamente?
O Rio Grande do Sul é um Estado de tradição e cultura muito exigentes. O gaúcho tem um português bem falado e uma seriedade sem perder o humor.
Porto Alegre tem o Teatro do SESI, que é maravilhoso, apesar de ser meio longe.
E uma coisa bacana foi o interesse em trazer a platéia de hoje, composta de estudantes de escolas municipais. Foi maravilhoso escutar a reação deles na coreografia Paixão, onde existem tapas, pessoas se abraçando e empurrando, eles reagiam prontamente com exclamações.
Como é o processo de criação? Inspiração? Utilização de músicas?
Trabalhamos com um espetáculo direto que busca entrar em contato com o público, como a idéia de um jogo, onde as duas partes tem que participar. A comunicação se dá através da emoção, da possibilidade de pensar o movimento, de falar sobre assuntos e poder traduzí-los para o movimento. A inspiração de nosso trabalho está em assuntos próximos de nossa vida cotidiana, em perguntas pessoais, turbulências, prazeres, satisfações, pensamentos que podem ser expressos através da dança. A comunicação se estabelece porque estamos falando com simplicidade. A ambição é a comunicação direta.
Quais são as pessoas que compõem sua equipe de trabalho?
O interessante é que nossa equipe é formada por profissionais que não são do mundo da dança, fazendo com que se questione sobre outra estética, que não a dança, proporcionando outras conexões com o público. É claro que trabalhamos com o movimento e isso define, mas as vezes preciso lembrar para todos que o que fazemos é um espetáculo de dança. São muitas possibilidades.
Um espetáculo de dança não é só coreografia. Ele necessita de tudo que pode estar integrado a ela, iluminação, cenografia, fotografia, figurino, etc.
Como está a carreira internacional da companhia?
Estamos participando do circuito de dança internacional, depois do reconhecimento através do prêmio Laurence Olivier, em 2001. Estamos levando o repertório completo da companhia para o exterior. Acabamos de chegar de Londres, e depois dessa tournée pelo Brasil nós voltamos para passar um mês, à convite do governo inglês para nos apresentarmos em algumas cidades do Reino Unido, em uma reunião de diretores de teatro e produtores de artes cênicas que gostariam de levar para suas cidades nossa produção. Depois vamos dançar em Singapura, Áustria, Alemanha, China, não estamos só na Europa ou nas Américas, estamos começando a conquistar outros continentes.
Como é a preparação corporal da companhia?
Fazemos aulas de ballet, dança contemporânea, yoga e musculação.
Quais são as ferramentas que você utiliza para suas coreografias? Onde aparece o ballet? O que ele contribui nas suas criações?Os caminhos do ballet são muito bem vindos ao nosso trabalho. Utilizamos a técnica e o vocabulário. No espetáculo Mix ele não aparece como vocabulário, ele surge como um corpo preparado, um corpo preciso e desenhado, aparece na percepção do bailarino em relação ao espaço, e em relação a ele mesmo. Mas não utilizamos a estética do ballet. No espetáculo Rotta eu brinco com o vocabulário do ballet e da dança contemporânea.
Que corpo é este que você está construindo? O que ele pretende comunicar?
É um corpo inteligente, saudável com propriedade para poder utilizar todas as possibilidades que ele tem, questionar a horizontal, vertical. Um corpo possível.

Fonte: idance




A DANÇA BRASILEIRA CONQUISTA MOSCOU
Emílio Martins, ex-primeiro-bailarino do Theatro Municipal chega aonde poucos sequer podem sonhar: vai remontar La Fille Mal Gardée para o Ballet Bolshoi. É isso mesmo, o Bolshoi de Moscou. Emílio, querido companheiro de tantos anos, hoje Coordenador de Dança da Funarte, realiza através do seu trabalho honesto, absolutamente dedicado, quase místico, todos os nossos próprios ideais. A estréia se dará no dia 20 de janeiro e daqui estaremos torcendo, aguardando ansiosos seu retorno e prontos a lhe prestar as homenagens que a mídia idiota não prestou, a reconhecer um feito que os que possuem uma tradição em ballet podem bem dimensionar. Sucesso companheiro! E seja bem vindo no seu regresso!
Professor Emílio Martins Remonta Balé para o Bolshoi

Eliana Caminada: Emílio, o que é coreologia?
Emílio Martins: São sinais escritos num pentagrama que permitem, a quem estuda esse sistema, montar uma dança, uma cena de mímica ou uma obra completa. É uma matéria muito inteligente dentro da dança; até hoje me surpreendo lendo os sinais e desvendando a coreografia através deles.

EC: Você é, talvez, o único latino americano credenciado pelo Royal Ballet de Londres para remontar a obra-prima de sir Frederick Ashton ‘La fille mal gardée’. Como se sente diante dessa responsabilidade?
EM: Sinto-me estimulado e, ao mesmo tempo consciente da responsabilidade que assumo. Sobretudo, porque além de atuar como coreólogo prossigo o trabalho como ensaiador, ou seja, escolho o elenco, ensaio, burilo o trabalho e apresento o resultado final, já nos últimos dias, ao tutor do ballet, CBE (Cavaleiro do Império Britânico) Alexander Grant.

EC: Para que companhias já montou essa jóia da criação universal? E para que bailarinos? 
EM: Já trabalhei com o Ballet Estable do Teatro Colón de Buenos Aires, Balé do Theatro Municipal do Rio, The Royal New Zealand Ballet, Balletto Del Teatro Dell’Opera di Roma, Hong Kong Ballet, entre outras companhias. Em todas deixei as portas abertas para retornar. Tenho trabalhado com extraordinários bailarinos tais como: Margaret Ullmann, Ana Botafogo, So Hon-wan, Julio Bocca, Amy Hollingsworth (maravilhosa), Ou Li, Michael Wang (excelente), Yuri Klevtsov, Karina Olmedo, Alexandre Parente, Luíz Ortigoza (fantástico), Burníse Silvius, Priko Ochisi, Jon Trimer, Kim Broad, só para citar alguns, pois o prazer de conhecer e trabalhar com tantos bailarinos bons é muito grande e me impulsiona a fazer produções que vêm alcançando grande sucesso.

EC: E um convite feito pelo Bolshoi muda alguma coisa? Sabemos que não é qualquer estrangeiro que pisa nas companhias russas de ballet como convidado.
EM: Trata-se de um convite que remonta à gestão de Vladimir Vassiliev. Apesar de minha experiência internacional, considero esta uma oportunidade única. O Bolshoi tem uma mística; e, quanto mais não seja, sou o primeiro brasileiro a atuar na Rússia na condição em que estou atuando, não como bailarino de uma companhia estrangeira, como bolsista ou para participar de alguma competição. Vou montar um espetáculo para eles, minha excitação é enorme; além disso já tomei conhecimento de que terei à minha disposição seus melhores bailarinos. Também vou estar com meu antigo mestre Alexander Prokofiev, com quem trabalhei no Ballet Nacional de Santiago no Chile e rever Raisa Strutchkova e Marina Kondratyeva, ex-primeiras-bailarinas do Bolshoi que tive a chance de assistir no Municipal do Rio na década de cinquënta. Confesso que, por tudo isto, estou considerando este momento da minha carreira como o máximo, sem desmerecer todas as companhias maravilhosas com as quais já trabalhei. Considero isto um prêmio pela minha dedicação à Dança no Brasil.


Entrevista para o jornal Dança Brasil
Dança Brasil - Quando e porque começou a ensinar essa arte?
MF - A dança surgiu antes do meu nascimento, já na barriga da minha mãe. Acreditando que a dança  
estimula e solta toda a criatividade que está dentro de todos nós e que ela dá oportunidade para que cada pessoa encontre o seu eu, acabei encontrando o caminho da Dançaterapia, que nada mais é, do que reconhecer seus limites e os dos outros. 

Dança Brasil - Em que consiste esse trabalho? Para quem é destinado?
MF - A todas as pessoas. Há 50 anos incluo e integro, nos grupos de dançaterapia, diversas pessoas com o objetivo de oferecer-lhes a oportunidade de dizer ao corpo com limites: sim, eu posso. A técnica da dançaterapia consiste em integrar a pessoa através da sucessão dos movimentos procurando dar a ela confiança para despertar sua criatividade e abandonar o eu não posso por uma nova atitude do corpo que diz: sim, eu sou capaz. Proporciona a todas as pessoas o conhecimento de si mesmas.  Os cursos são abertos também a profissionais que trabalham com diferentes  limites, psicólogos, educadores, médicos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, bailarinos, professores de dança e ginástica, estudantes entre outros. 

Dança Brasil - É um projeto filantrópico? 
MF - É um trabalho que integra e ajuda diversas pessoas com limites e problemas distintos e também destinado a todas as pessoas e profissionais que buscam os cursos de formação em Dançaterapia e criatividade com a dança. 

Dança Brasil - Por que a maioria de seus espetáculos não tem música?
MF - Meus espetáculos têm estímulos variados: música, percussão, palavras e o silêncio. Este último significa o conhecimento que tenho com os surdos e comigo mesma. Para eles e para todos eu utilizo slides e relfetores coloridos que os ajudam a reconhecer os ritmos 
que não estão no corpo através das linhas, formas e cores. 

Dança Brasil - A Senhora é bailarina-coreógrafa, qual a diferença entre pessoas especiais e bailarinas consideradas normais? 
MF - Sempre trabalho com a diversidade. Em toda minha vida. E os grupos heterogêneos de diferentes pessoas ajudam no intercâmbio, na troca com todos os outros.  O método utilizado é o mesmo para pessoas que têm ou não têm deficiências porque todos somos iguais e diferentes. O objetivo é dizer a todos sim, eu sou capaz. Eu trabalho com a integração de todos e com amor. 

Dança Brasil - O que espera desse próximo Workshop (em setembro)? Como são os bailarinos brasileiros quando se trata de Dançaterapia?MF - Minha expectativa é enorme. Por sorte tenho o crescimento e estou em plena maturidade de minha vida e de minha arte. Os bailarinos brasileiros são especiais. São muito determinados. Todos devem conhecer o que é a Dançaterapia. Participem do Workshop que vou 
realizar em São Paulo e conheçam a Dt, que é dar ao corpo que tem medo de se mover; a possibilidade de dizer "sim, eu posso". A vida está dentro de mim e de todos nós.



Márika Gidali fala sobre a dança na universidade
A bailarina e diretora do Ballet Stagium elogia os cursos atuais e conta que é possível viver apenas da arte
São Paulo - De um lado, uma carreira de 50 anos. Do outro, uma iniciante que sonha em começar. As diferenças entre Márika Gidali, de 63 anos, e Juliana Afonso, de 18, não param por aí. A experiente dançarina - que aprendeu toda a teoria de sua arte com os livros - não teve a oportunidade que Juliana terá cursar uma Faculdade de dança. As diferenças que Juliana terá em sua futura formação chegam a surpreender Márika, que vive apenas da dança. Ela começou no palco, e dele não saiu mais. "Essa mistura entre o palco e o estudo é uma evolução que formará ótimos dançarinos, mas é preciso saber escolher o lugar certo para estudar", diz. Juliana estuda no Colégio Nossa Senhora do Morumbi, e prestará vestibular para o curso de dança. Acompanhe o encontro de gerações promovido pelo Jornal da Tarde.
Juliana - Entre os tipos de dança, qual o mais valorizado no mercado?
Márika - Todas as modalidades são importantes. O ideal é que a dançarina saiba todos, ou pelo menos tenha tido alguma experiência neles. Para ficar em alguns exemplos, é básico saber as danças clássica, contemporânea e moderna.
Juliana - Como fazer para escolher uma faculdade que me forme realmente uma profissional?
Márika - Hoje existem boas faculdades mas, antes de entrar, é bom pesquisar para saber se você receberá o diploma do curso. É importante entrevistar o responsável do curso e perguntar tudo. Não acho que uma proliferação descontrolada de cursos faria bem para a profissão. Uma coisa boa dos cursos de hoje é que possibilitam uma especialização, que acaba criando uma abertura de áreas na dança.
Juliana - Você acha que a dança é um trabalho que dá condições para viver?
Márika - Em primeiro, não podemos esquecer que não somos nós que escolhemos a dança, é ela que nos escolhe. A carreira de uma dançarina - ou dançarino - é curta, portanto você tem que ter certeza do que quer. Em relação às condições de vida, eu sempre vivi da dança, consegui me sustentar. Dos meus seis filhos, um ainda dança, outros dois já dançaram. Portanto, acho que ela oferece boas condições de vida.
Juliana - Em relação aos festivais, qual é a sua opinião?
Márika - Os festivais são apenas momentos artísticos. Não gosto. Essa competitividade não é uma característica da arte, não é produtivo para a carreira. O melhor é se apresentar e seguir tendo prazer na dança.
Juliana - O que fazer depois da faculdade?
Márika - Você não pode abandonar os palcos. Continue a fazer cursos, buscar até mesmo fora do país novos conceitos para aprimorar os seus conhecimentos. Mas o conhecimento que está sendo trazido de fora pelos jovens não pode transformá-los em estrangeiros dentro do Brasil.
Murilo Montiani



Priscilla Yokoi, jovem bailarina brasileira, ganhadora de prêmios em Nova Iorque, Lausanne e Nagoia, aos 19 anos esteve como primeira bailarina convidada na abertura da temporada 2003 do Ballet de Santiago no papel de Kitri, em "Dom Quixote".
Rosito di Carmini - Como foi tua experiência como bailarina convidada do Ballet de Santiago?
Priscilla Yokoi - Foi uma experiência única em termos de aprendizado; daquilo que aprendi com os maîtres, com Luis (Ortigoza), com a companhia; o que eles puderam me passar foi uma coisa completamente nova para mim, foi maravilhoso, não tenho nem palavras.

Rosito - Como tu definirias "Kitri"?
Priscilla - Gosto muito de interpretá-la porque ela é muito esperta, muito inteligente, e ao mesmo tempo que ela é jovem, sabe como seduzir Basilio, e sabe como convencer a seu pai de que Basilio é o melhor para ela, por mais que seu pai não o aceite nem goste. O que me atrai em Kitri é sua espontaneidade.
Rosito - Como foi para uma bailarina tão jovem como tu, ter um partenaire tão experiente como Luis Ortigoza?
Priscilla - Eu já dancei com Lazaro Careño, Tiago Suares e muitos outros primeiros bailarinos, mas Luis é muito especial; assim que foi muito lindo para mim, foi uma experiência nova, e realmente ele é uma estrela. Eu não esperava que ele fosse tão atencioso, tão carinhoso, o que não é normal no ambiente da dança.
Rosito - Como foi tua relação com os bailarinos durante o período de ensaios?
Priscilla - Excelente, tive boa recepção..., boa não, ótima, maravilhosa.
Rosito - Será que esta experiência te despertou interesse em integrar a companhia estável de algum teatro? E qual seria?
Priscilla - Esta é uma excelente companhia, teria prazer de pertencer a ela, gostei da carga horária de oito horas por dia em lugar de seis como no Brasil, mas eu não sei se viria. Não sei se deixaria o Brasil tão cedo, mas quando o fizer será para o American Ballet ou o Ballet de Santiago.
Rosito - Como te sentistes com as aulas que fizestes com a Companhia aqui no Chile?
Priscilla - Foram de extrema importância, porque comecei a notar a diferença do físico das bailarinas, até falei com uma das professoras a respeito da mudança do meu físico, coisa que eu venho trabalhando faz tempo.

Rosito - Quais são teus próximos planos?
Priscilla - Volto para a Companhia em São Paulo e em seguida vou ter uma apresentação em Goiânia e depois dançarei Giselle em Belém, Fortaleza e Recife e Paquita só em Belém. Esta nova companhia que foi formada em São Paulo está com projetos muito interessantes, entre eles a abertura de um espetáculo de Julio Bocca em São Paulo. Tenho muitas apresentações agendadas, viagens marcadas, muita coisa sozinha, mas também muitos compromissos com a companhia. Isto está sendo muito bom.
Rosito - Qual é teu conselho para as bailarinas de tua geração?
Priscilla - Determinação, força de vontade, não desistir de nenhuma maneira e ter fé em si mesmo; dificuldades sempre vamos encontrar. Mas não há que dar-se por vencido em nenhum momento. Muita fé, eu creio que é isso.


Nome completo: Andrea Thomioka

Data Nascimento:23/07/1976

Signo: Leão (ascendente em Escorpião e Lua em Gêmeos)

Cidade onde está morando: São Paulo

Comida predileta: Todas:eu adoro comer! Por isso é que vivo em dieta e malho 1 hora e meia por dia. Sou chocólatra e amo todos os outros doces também. Adoro comidas regionais, internacionais e lanches. É horrível gostar de tudo e ter que ser magra! Não tomo refrigerante só por causa da celulite...

Filme inesquecível: "Simplesmente Amor"

Seu ídolo: Paulo Thomioka (papai)

Cor preferida: Tricolor – Branco, Preto e Vermelho, afinal de contas, sou São Paulina Roxa.

Família: Meu presente quando nasci! Não podia ter tido família melhor: o Papai (que virou anjo cedo demais), o Paulo, a mamãe Amalia e minha querida irmã e grande amiga Elisa.

Amigos: Os presentes que eu fui ganhando com o tempo. Muitos passaram, algumas decepções, poucos ficaram, mas todos foram importantes. E certamente os poucos que ficaram são fundamentais e vitais, mesmo os mais distantes.

Religião: Deus e a Dança. Acredito na verdade, no amor e zelo ao próximo, na dignidade e integridade do ser humano e no enriquecimento e nobreza da alma. Creio nas forças superiores que nos protegem, na fé que nos guia, na energia positiva que emanamos e na justiça divina. Católica, Candomblé, Espírita, Budista, todas em suas essências.

Marca da sua sapatilha: Rommel & Halpe ou Só Dança

Ballet Clássico preferido: “Giselle”

Ballet Moderno preferido: “Swan Lake” de Matthew Bourne e “Registro” (Quasar) – que acredito que foram os balés que me inspiraram a dançar contemporâneo. Mais atuais: “Lei de Nada” (Cia 2 do BCSP) e O+ (Quasar).

Ídolos: Nunca fui muito de ter ídolos, sempre me inspirei muito nas pessoas que estavam ao meu lado ou à minha frente. Ana Botafogo foi um marco não só quando a vi ainda pequena, mas, principalmente, quando a conheci e continuei vendo sua excelência, constância, generosidade, luz e competência como bailarina conforme eu ia crescendo. Há um mês atrás a vi novamente, e mais uma vez ela me surpreendeu.Ela causa aquele efeito “Ana Botafogo”, é inexplicável! Vou citar bailarinos que talvez não tenham renome, mas foram (quando clássica) ou são minhas inspirações na árdua rotina de dançar/trabalhar dia após dia.

Um bailarino: Enéias Brandão e Milton Kennedy

Uma bailarina: Renata Nunes, Andrea Maia, Kenia Genaro, Luciana Porta, Dilênia Reis e Melissa Soares.

Um Partner: Israel Alves e Robson Lourenço

Uma Cia.: Cia 2 do Balé da Cidade de São Paulo e Quasar Cia de Dança.

Um coreógrafo: Ohad Naharin

Professores importantes na sua carreira: Toshie Kobayashi, Lia Saliby, Liliane Benevento e Luis Arrieta (coreógrafo)

Se vocë não fosse bailarina, vocë seria : Engenheira Genética

Conte um momento inesquecível: Quando dancei no Festival de Joinville no Est. Ivan Rodrigues, em 1997.Lembro-me que foi tudo meio turbulento, tive problemas com meu partner e o André (Valadão) foi chamado de última hora.Ele chegou na véspera e estudamos a versão de "Dyana et Action" que iríamos dançar, no quarto do hotel com a Dª Toshie, para não perdermos tempo de ensaio no estúdio.Só tinha dançado com o André uma vez, 2 anos antes em Uberlândia ("Don Quixote", também na correria). Ele é um excelente partner e bailarino e apesar de todo o stress, quando subimos no palco foi mágico. Foi como se tivesse sonhado com tudo e acordado somente com o estádio tremendo. O público aplaudia, gritava e batia os pés. Foi um alvoroço como nunca tinha visto.Nós bisamos a coda ainda sob gritos e agradecemos por vários minutos que pareciam horas. Nunca liguei muito para medalhas ou troféus, acredito que o importante é o caminho que você segue para “chegar lá”.O resultado é conseqüência do seu trabalho, que muitas vezes não precisa ser materializado. Naquele dia, esta sensação tornou-se certeza dentro do meu coração.O calor humano está acima de qualquer coisa e eu jamais me esquecerei como me senti acolhida e querida por todos que me assistiam naquele dia!

Conte um momento difícil que vocë passou: Foi quando me separei da Dª Toshie e um ano depois decidi parar de dançar clássico.Foi tudo muito estranho.Muitas pessoas me viraram as costas, uns por motivos políticos, outros por não acharem mais interessante estarem do meu lado, uma vez que a “medalha de ouro” já não contava. Alguns amigos ficaram inconformados e muitas pessoas me acharam “louca” (ainda acham). Foi um momento muito difícil, pois estava muito insegura com o novo caminho a seguir. É claro que a minha família esteve ao meu lado e nunca esqueço como as palavras de meu pai foram importantes.Eu sempre tive um porto seguro para voltar caso desse tudo errado e isto foi fundamental. Meu ex-marido e grande amigo (hoje quase irmão) Gleidson Vigne (bailarino) também foi fundamental, pois passou por toda esta fase comigo. Ele sempre esteve ao meu lado dando suporte emocional e profissional.Ele sempre me fazia sorrir mesmo quando estava mais estressada ou triste no meio de toda esta confusão.

Vocë está realizada profissionalmente? A Dª Toshie sempre disse que quando você se sente realizado é o primeiro passo para a acomodação. Não me sinto realizada, ainda tenho muito que fazer profissionalmente, dançando, mas quando faço um balanço da minha vida até aqui, sinto-me feliz com os resultados. Meus objetivos e metas vão sendo cumpridos apesar de todos os obstáculos, nunca tive medo de trabalho e esforço.

Qual é o seu sonho? Sonhar sempre e acreditar que posso torná-los todos realidade! Sou muito idealista.

Como é para você, ser considerada um exemplo para as novas bailarinas? É muito gratificante e assustador ao mesmo tempo. Ser um exemplo para uma geração é muita responsabilidade. Mas ao mesmo tempo é muito bom saber que inspiro meninas e meninos a dançarem.A Dança é um mundo mágico que acredito que todo mundo deveria ter acesso. Para dizer a verdade não penso em ser um exemplo, preocupo-me mais em ser fiel aos meus princípios e ser o mais competente possível em minha profissão.O meu amor à dança é a cada dia descoberto e o que sou como bailarina sempre será o reflexo de minha pessoa, a Dança não nos deixa mentir e os palcos nunca enganam.

O que é preciso ter ou ser para dançar Ballet? Eu acredito muito na educação através da arte e acho que o Ballet é um ótimo caminho para desenvolver disciplina, coordenação e sensibilidade numa criança. Como forma de educação, ou prazer, o Ballet pode ser dançado por qualquer um. Profissionalmente é um pouco mais complicado, devido alguns pré-requisitos que a estética clássica exige, além de certos dotes físicos que influenciam no aprimoramento da técnica. Mas é claro que o trabalho sério e a perseverança sempre serão o diferencial. Não vale nada um físico maravilhoso sem uma boa cabeça para conduzi-lo. Bailarina é muito mais cérebro do que qualquer outra coisa.

Relembre quais foram os seus títulos, troféus e prêmios. Medalha de super bronze no 7º Masako Ohya Ballet Competition in Osaka (1995); medalha de ouro no 17º International Dance Competition in Varna (1996);Troféu Mambembe de Dança como Bailarina Revelação (1997).

Você pretende seguir a profissão para sempre? Você estuda? Pretende se formar? Não pretendo dançar para sempre, para falar a verdade não por muito mais tempo. Se não tivesse resolvido dançar contemporâneo, já teria parado de dançar em 1999. Hoje sei que mexer meu corpo é vital e fazer aula é um dos meus momentos mais sagrados e prazerosos.O que a Dança me ensinou é muito profundo e carrego em toda a minha vida, não só profissionalmente, não preciso estar dançando para me sentir viva com a dança, ela faz parte de mim, do que eu sou, do que eu acredito e do que eu vivo!



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